quarta-feira, 4 de junho de 2008

I read your book, you magnificent bastard !!

Pra quem leu o título acima e não entendeu nada, descrevo a situação: depois de anos, assisti novamente o filme PATTON, onde George C. Scott é o maestro de uma realização cinematográfica que caminha entre a introspecção do mundo de um general que transpira a vocação de guerreiro e ao mesmo tempo exibe ao mundo sua vaidade e sua obsessão por glórias militares.
Como sou da geração que ainda não fez quarenta anos mas também estou bem longe dos franguinhos de vinte anos, me sinto livre pra opinar pra cima e pra baixo. Ou seja, remanesço num velho hábito de achar que quem olha pro futuro não esquece do passado... (com sua permissão, Paulinho da Viola.) Claro que estou falando aqui mais de não achar que tudo que é bom tem cheiro de recém pintado ou tem escandalosos efeitos especiais feitos por computação gráfica.
Em outras palavras, a cena onde Patton derrota Rommel numa batalha específica, onde o ator americano magistralmente entra em frenesi e solta esse grito solitário que nada mais é do que a expressão de uma mente independente e vocacionada, me impressionou de modo que ando falando essa frase sozinho no meu dia a dia, por todo o contexto que ela representa.
Primeira coisa que digo: assistam o filme! Por mais que não se deva dar palpite quanto a perfume, amante e filme (nem sei daonde tirei isso), eu repito: assistam o filme.
Em segundo lugar, cabem as reflexões sobre a aplicação dos conceitos trazidos pela fala da personagem e pelo contexto.
É admirável como o general, ao contrário de muitos militares e líderes da época, se dava a conhecer o inimigo. Me parece que isso já era coisa do Sun Tzu, há uns milhares de anos atrás: conhecer o inimigo (A Arte da Guerra, uma metáfora que os executivos passaram a usar por aí, que os MBAs incluiram em suas aulas... meu Deus, como o mundo é padronizado e pouco criativo às vezes...).
Bem, de qualquer modo, Patton (na descrição do filme), falava diversas línguas e estudava a guerra, era um "cowboy" chucro de um lado e do outro, um esgrimista aristocrata.
Essa dualidade é admirável, rica e genuína. A genuinidade é o que mais salta aos olhos... a essência fica, mesmo viajando entre hunos e visigodos... ou mesmo sendo um visigodo ou um huno, ao se tornar um cavalheiro, vc pode guardar a paixão de ser um huno ou um visigodo. Esses dias ouvi uma profissional de psicologia falando sobre os atletas e sobre a endorfina da atividade deles. Quando eles param, parece que nunca mais conseguem a satisfação do que era trabalhar com o corpo, suar, pular, correr, competir. É bem nesse ponto que a reflexão da frase que ando doidamente repetindo sozinho (seja pelo elan natural da catarse que o filme trouxe, seja pela ontologia dela na minha vida), mas, apesar de meio abstrado, o conceito de que você tem que melhorar sempre mas ainda assim ser você, me soa como canção de ninar ou como brado de início de batalha (pode parecer estranho, mas ambos são reconfortantes).
Me anima, e tenho tentado achar gente no mundo que consegue realmente selecionar o melhor de cada momento antes de passar para o próximo. Nesse ponto acho que ninguém mais está me entendendo, mas o que quero fazer (além da permissão universal de devanear livremente), é repetir o que venho falando para quem está próximo de mim... Ô FALTA DE INTENSIDADE DESSE POVO!
Acho que sem ver o filme, pouca gente vai entender exatamente o que eu quero dizer, mas a irreverência que é natural da verdade em ser o que se é, é um tempero gostoso num mundo de "vida de gado, onde "povo marcado, povo feliz...". (à bênssa, Zé Ramái). Por hoje é só, pessoal.

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